terça-feira, 8 de setembro de 2009

Passeio pela história em Aracati

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE PATRIMÔNIO (30/1/2009)

Na linguagem indígena, Aracati quer dizer ´aragem cheirosa e tempo bom´. O nome tem tudo a ver com o lugar, que nasceu às margens do gigante Jaguaribe


Aracati é conhecida por suas belas praias, a exemplo de Canoa
Quebrada, e por promover, anualmente, o maior carnaval praiano do Estado. Isso já seria o bastante para atrair turistas, mas a cidade apresenta um diferencial ainda pouco explorado. Graças ao tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), hoje é considerada um município museu, preservando e destacando casario antigo, igrejas, praças e outros monumentos de relevância histórica.

A cidade fica no caminho das praias mais visitadas pelos turistas, que podem acrescentar ao turismo de lazer o turismo cultural e conhecer um pouco de história. As edificações marcam a importância histórica e artística de Aracati. São construções que datam dos séculos XVIII, época do ciclo do gado; século XIX, ciclo comercial e do algodão, e século XX, ciclo industrial.

O acervo arquitetônico de Aracati preserva autenticidade e homogeneidade. Chamam atenção os sobrados de dois e três pisos que se intercalam com seqüência de casas térreas, alinham-se ao longo da rua e não deixam espaços livres.

A Rua Coronel Alexanzito se constitui no ponto alto do acervo histórico
e arquitetônico da cidade. Naquela via, prédios e residências revestidos de azulejos portugueses, holandeses e franceses recobrem as fachadas, valorizando as edificações, além de conferir-lhes um colorido harmonioso.

Também conhecida como ´Rua Grande´, a Coronel Alexanzito abriga casas de cearenses famosos, como o escritor Adolfo Caminha, o pianista Jacques Klein e o escritor e jurista Beni de Carvalho. Na mesma rua também fica o prédio que abrigou as tropas de Tristão Gonçalves durante a Confederação do Equador, em 1840.

Ainda no passeio pela ´Rua Grande´, o turista aprecia a Igreja de Nossa Senhor do Bonfim. Edificada em arquitetura barroca, em 1772 e inaugu
rada em 1774, ostenta uma pintura azul e branco, num contraste perfeito. Atrás da igreja fica o cemitério da Irmandade do Bonfim, local que durante anos foi reservado a pessoas de elevado poder aquisitivo e que pagavam altos preços para serem enterradas dentro das igrejas. Os túmulos foram construídos em mármore carrara.

Já o Sobrado do Barão de Aracati, com três pavimentos, foi construído no século XIX. Antes pertencente a José Pereira da Graça, personagem de lutas políticas e deputado provincial, hoje o prédio é ocupado pelo Instituto do Museu Jaguaribano, fundado em 15 de novembro de 1968. O acervo histórico, religioso e literário encanta, com peças de arte popular, pinturas das igrejas locais e exposição de fotografias.

Mais adiante fica a Casa da Câmara e Cadeia, que data de 1779. Originalmente, funcionava a cadeia pública na parte térrea e a câmara no pavimento superior. Em 1960, o prédio foi restaurado pelo Iphan, mas até 1988 ainda existiam presos nas celas que davam de frente para a Rua Coronel Alexanzito. Atualmente, funciona no prédio a Câmara dos Vereadores na parte superior e na inferior está instalada a biblioteca do patrimônio e o Sine/IDT.

Na Travessa Dragão do Mar com a Rua Coronel Alexandrino fica o Oratório Bom Jesus dos Navegantes. O templo foi o primeiro de Aracati. Outro monumento histórico-arquitetônico de Aracati é a Cruz das Almas. Datada de 1748, é o espaço urbano mais antigo da cidade. Naquele lugar, escravos condenados à morte teriam sido enforcados. Antigamente, às segundas-feiras,´Dia das Almas´, pessoas costumavam ir rezar terços e fazer romarias junto ao monumento.

Ícone

O passeio pela beleza arquitetônica de Aracati deve incluir ainda a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. Construção dos primeiros anos do século XVIII, só foi concluída na segunda metade do século XIX. Uma capela deu origem à igreja. Em estilo barroco, tem a porta central ladeada por duas outras entalhadas a ponta de faca e com almofadas em relevo.

Na fachada da igreja estão os sinos, o relógio carrilhão e o registro da data de sua edificação escrita em algarismo romano. O interior é rico em obras de talha e imagens. Defronte à matriz fica o grande cruzeiro, com os símbolos dos sofrimentos da paixão (dados, mão, galo e a caneca de fel).

Historiadores e nativos concordam que o turismo cultural pelo núcleo histórico de Aracati contribui para a sua preservação e valorização. Por outro lado, complementa as atividades de lazer e entretenimento nas praias do entorno. As empresas de receptivo ainda não despertaram para esse nicho de mercado. A visita ao casario antigo, com o Rio Jaguaribe ao longe, como a emoldurá-lo, é um passeio atraente. O patrimônio revive, o turista se encanta.

PATRIMÔNIO

1774 foi o ano de inauguração da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, iniciada em 1772. Edificada em arquitetura barroca, a igreja, em azul e branco, preserva o cemitério da Irmandade do Bonfim.

Carnaval em três fases e 12 dias de folia

Aracati é só folia no período de 14 a 25 de fevereiro de 2009 com o “Carnaval Aracati 2009: O Carnaval do Ceará é aqui!”. Historicamente, a folia no município reúne um público de 300 mil pessoas. Este ano os organizadores esperam mais e projatam atrair 400 mil pessoas.

Grandes atrações do cenário artístico nacional e local vão marcar presença na cidade. A Rua Coronel Alexanzito abrigará os tradicionais blocos carnavalescos, configurando-se ali o carnaval cultural. Na Rua Coronel Pompeu desfilarão os trios elétricos, enquanto na praia de Majorlândia, o espaço é para bandas com muito axé, frevo e samba, repertórios que mostram a brasilidade do povo aracatiense. Ao todo, será uma temporada de 12 dias de folia.

O carnaval cultural de Aracati é composto por blocos carnavalescos que desfilam pela Rua Coronel Alexanzito, dotada de relevante conjunto histórico-arquitetônico tombado pelo Iphan. Este carnaval tem como ênfase principal a participação da população local na execução do desfile, além de ter como público-alvo famílias com criança e a presença freqüente de pessoas idosas.

A oportunidade é imperdível para os foliões relembrarem os tempos idos, através de marchinhas tocadas pelas tradicionais charangas, como a Banda Chico de Janes. Maracatus de Fortaleza também vão marcar presença, proporcionando mais brilho à folia, de domingo a terça-feira, a partir das 17 horas.

Quem curte carnaval com trios elétricos tem encontro marcado na Avenida Coronel Pompeu. O encontro dos trios ocorrerá já a partir da sexta-feira que antecede o período momino. Todos os dias se apresentarão cinco bandas.

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