quinta-feira, 30 de junho de 2011

Qual a verdade da condição humana?




O livro, O voo de Icarus, nos leva para a cidade de Agartha o paraíso da tecnologia no fim do século XXI. Uma ilha, no território da ‘União Asiática’, onde as mentes mais brilhantes são atraídas para desenvolver e viver novas tecnologias. Como a proposta do autor, Estevan Lutz, é de criar um novo segmento saído do gênero Cyberpunk, nasce com esse livro o Psychopunk. Com elementos bem mais psycho, o punk se manifesta de forma tímida na hermética e avançada sociedade de Agartha.

O protagonista Icarus se mostra dividido entre seu trabalho de criar realidades virtuais e ser viciado em jogos desse tipo e na droga conhecida como Nirvana. A sociedade esta de tal forma inserida no mundo digital, que pessoas como Icarus preferem e passam a maior parte de suas vidas ligadas a esse mundo virtual. Eles utilizam acessórios de imersão virtual: visor, fones, transmissor de cheiro, luvas sensoriais, tapetes de microrroletes que permitem até uma caminhada. A questão do Nirvana é a sempre presente na humanidade condição das sociedades utilizarem substâncias químicas que alteram a consciência, muitas ilegais como a própria Nirvana. Então, juntar psicotrópicos fortíssimos e uma realidade virtual de última geração é o mal de Icarus que busca uma cura. Através de um revolucionário tratamento de nanotecnologia, em seu cérebro, ele apresenta grande melhora, mas um acidente o leva a despertar sua mente para a real condição humana.

Com Icarus abrindo os horizontes da sua existência, Lutz nos joga propostas bem audaciosas para com as verdades universais. Numa miscelânea que extrapola o campo das teorias e nos sugere essa visão multi-teórica da existência. Unindo as teologias com certo grau de teorias científicas. No fim, a busca pela realidade e o que de fato é possível se mostra inquietante, para uma pessoa diagnosticada com problemas de dependência química. Qual é a verdade da condição humana?

As referências mitológicas e a narrativa simples são uma boa ideia para atrair leitores, mas falta a Lutz um maior grau de desenvolvimento narrativo para elevar a grande proposta abordada na obra. Fato justificável por ser um autor iniciante. Vejo essa obra como vi o Miracleman de Alan Moore, que deu origem ao Watchmen e o conto A Sentinela do Arthur C. Clarke que originou 2001: Uma Odisséia no Espaço. A semente foi plantada nos resta esperar por mais.

O VOO DE ICARUS - ESTEVAN LUTZ - 240 páginas - Novo Século
http://estevanlutz.xp3.biz/