domingo, 3 de outubro de 2010

Leis de mercado favorecem os leitores

Uma das fórmulas mais eficazes para se aumentar o consumo de qualquer bem, produto ou serviço é a maior oferta e redução do preço. Óbvio! A boa notícia é que esta regra pétrea das leis de mercado aplica-se, na prática, à meta de ampliar o número de leitores no Brasil, em meio à informação de que os livros ficaram, em média, 3,52% mais baratos em 2009, em relação ao ano anterior. Os valores médios caíram de 11,52 para 11,11 reais.

A feliz constatação é da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro 2009, que acabamos de divulgar. Trata-se de trabalho da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo), realizado para a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livro (SNEL). É importante lembrar que os dados de edições anteriores do estudo já apontavam, no período de 2004 a 2008, quedas de preços de 24,5% no segmento de didáticos, 22,4% no de obras gerais, 38% no de religiosos e 23,3% no de científicos, técnicos e profissionais.

O novo relatório indica que a produção total de livros no País cresceu 13,55%, passando de 340,3 milhões de exemplares, em 2008, para 386,4 milhões, em 2009. Quanto às vendas das editoras aos canais de comercialização (livrarias, distribuidores e porta a porta etc), verificou-se expansão de 11,30% (370,9 milhões de unidades, contra 333,3 milhões). O faturamento total do setor cresceu 2,13%, alcançando R$ 3,37 bilhões, ante os R$ 3,30 bilhões do período anterior. Cruzando-se os percentuais relativos ao volume e ao valor das vendas, também se percebe, de modo muito evidente, a redução de preços. Detalhe importante: os números referem-se ao exercício de 2009, marcado pela grave crise econômica mundial. Isto nos permite aludir que a performance do setor em 2010 possa ser ainda mais positiva.

Outro indicador relevante é o crescimento de 14,88% na quantidade de novos títulos publicados (22.027, em 2009, ante 19.174, em 2008). Esta tendência do mercado editorial amplia a diversidade temática à disposição do público e, por outro lado, oferece oportunidade a mais autores, suscitando o surgimento de novos talentos na literatura nacional. A redução do preço e o maior volume de produção e edição de novos títulos integram o esforço do mercado no sentido de contribuir para a meta de multiplicar a base de leitores. Tal empenho soma-se às políticas públicas de fomento do livro, empreendidas pelo Governo Federal, vários estados e numerosas prefeituras.

Os resultados dessa mobilização aparecem de modo claro na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que, em sua última edição, identificou a existência de 95 milhões de leitores no País. Este público passou a ler, em sete anos, 4,7 títulos por habitante/ano, contra 1,8, apontado no estudo anterior. Contudo, o mais expressivo e gratificante resultado é o incremento ocorrido entre os jovens com mais de 15 anos e um mínimo de três anos de escolaridade: estes leitores saíram de um índice inferior a duas obras/ano per capita, para 3,7. É inegável que o brasileiro só pôde incluir o livro de modo mais regular em seu orçamento devido à queda dos preços médios.

O processo de evolução do mercado editorial é muito perceptível na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, promovida pela CBL, de 12 a 22 de agosto, no Pavilhão de Exposições do Anhembi. O próprio evento, que representa o grande momento do livro no País, reflete esse avanço, pois foi idealizado para se constituir na maior dentre todas as edições, respondendo ao crescente interesse dos brasileiros pela leitura, ao bom momento da economia nacional e, sobretudo, à prioritária meta de ampliar o direito de todos os cidadãos ao conhecimento, à cultura e à informação.

Nesse contexto, para os empresários do livro, que vêm promovendo a profissionalização do setor, melhoria da qualidade e aumento da eficiência produtiva, seu trabalho transcende ao universo dos negócios. Trata-se, também, de um compromisso com os brasileiros, que dependem da democratização da leitura para seu pleno desenvolvimento e afirmação como um dos povos vencedores do terceiro milênio.

Fonte: www.cbl.org.br

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