sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Violência sem precedentes

ARTIGO

Neste 10 de agosto, segunda-feira, eu e o jornalista Francisco Portela entrevistamos o senhor Antônio Nascimento, pai do jovem Carlos Nascimento, assassinado no dia sete de agosto, sexta-feira passada, numa res
idência no bairro Tabajara com três tiros de revolver na cabeça.

O motivo de tamanha crueldade não há certeza, pois nenhuma tes
temunha se apresentou e afirmou algo. Comentários indicam dívida de drogas com certeza imprecisa.

Para o senhor Antônio, “Carlinhos” era um garoto trabalhador, respeitoso, cheio de sonhos e um excelente músico. Tocava contrabaixo, violão e guitarra, a família guarda a lembrança através de sua guitarra preta intocável hoje. Um talento
interrompido pela violência sem precedentes.

“Foi uma surpresa a morte dele e os boatos do porquê de sua morte por envolvimento com drogas não acreditamos ainda”, disse o senhor Antônio.

Carlos era querido por umas centenas de pessoas. Na rua onde morava, ninguém acredita em seu envolvimento com drogas, apesar da boataria afirmar e não se confirmar.

Seu pai é pedreiro e ele servente, já construíram muitas residências no Aracati. “Neném” como era chamado pela família era músico autodidata e detinha muito respeito e admiração por aos vinte anos começar a brilhar na banda Rasta-brothers.

Pessoalmente o conheci e acompanhei a evolução do colega e percebo como a vida humana é insignificante para tantas mentes que existem neste plano terreno.

A família na entrevista reafirmou várias vezes não querer vingança, e não deixou claro a confiança na justiça humana em prender os cruéis assassinos. Espírita convicto, seu Antônio reza para que os tais covardes se arrependam e não voltem a cometer tamanhas atrocidades.

Nesta sexta-feira,07, Carlos estava só em casa. A família viajou a Sobral para visitar parentes e o filho mais velho que lá mora. Por volta das 16 horas do mesmo dia, seu Antônio recebe, num telefonema, a triste notícia. Já em Aracati, a tia Maria Soledade compareceu ao necrotério do hospital municipal e reconhece o sobrinho “irreconhecível”, disse.

Na verdade impreciso afirmar o porquê de tamanha atrocidade. É certo afirmar que o caminho largo da felicidade momentânea está tirando a paz de muitas famílias do Aracati. Essa realidade não era existencial há alguns anos atrás. Por que de tanta conivência, aceitação, impunidade, corrupção e atrocidade numa cidadela que começa a adjetivar-se como insignificante? Hoje será celebrada sua missa de sétimo dia.

Por André Souza